Capitulo 1 - 2

Capitulo 1 - As petalas Caem



Yulie não é das pessoas mais equilibradas, por isso chegou às pressas ao lado de sua irmã, tropeçando e ralando os joelhos enquanto caia. Por um momento Yulie perdeu a voz ao olhar para floresta e ver um rabo verde do tamanho de um tronco desaparecendo entre as árvores. Ela não teve reação, estava estática olhando para o horizonte que se perdia dentro da floresta densa. Quando voltou a si a primeira coisa que pode pensar foi sacudir sua irmã. Sacudia sem parar gritando o nome dela e lágrimas rolavam desciam por sua face. Era quase imperceptível, mas sua irmã ainda respirava. Yulie parecia perdida, como algo poderia ter acontecido a sua irmã. Ela era a única razão a qual mantinha Yulie na pequena vila. Não sabia o que fazer, nem o que pensar. Respirava apenas porque era algo que já estava acostumada a fazer. Ao se levantar para tentar levar sua irmã Yulie ouviu alguém gritando seu nome. Sua mãe vinha andando apressada acompanhada de três guardas.

- Yulie! O que você pensa que está fazendo aqui fora essa hora? O que lhe deu na cabeça? – ela bufava de raiva, segurando a saia para não arrastar no chão – Você me deixou preocupada! Quer fazer sua mãe morrer do coração? Ainda é responsável por tirar os guardas dos seus postos! – ela não parava de gritar, suas rugas da testa pareciam de multiplicar.

- na..na..nana..! – era tudo o que Yulie conseguia balbuciar, suas pernas estavam bambas.

- O que? – sua mãe não conseguia entender o ela dizia.

- NANA! – ela caiu ajoelhada depois de gritar com suas últimas forças.

- O que deu em você? – foi quando Regianne viu Nana deitada atrás de Yulie – MEU BEBÊ! – ela correu para a filha empurrando Yulie para o lado – O que fizeram com você? Yulie o que você fez com a sua irmã?! – ela apenas gritava.

Yulie ainda estática não dizia nenhuma palavra, continuava olhando para baixo chorando como se não houvesse amanhã.

- Senhora, acho que ela não... – o guarda da direita tentou auxiliar.

- Não pedi sua opinião, pedi?! – gritou a mãe calando-o, logo em seguida se dirigiu ao outro guarda e bradou ferozmente – O que você está esperando? Vamos! Leve minha filha até em casa!

- Sim senhora! – concordou medrosamente o guarda do meio, se dirigindo até a menina esticada no chão frio para poder levá-la até a casa sendo guiado pela mãe. Quando ele a levantou seu mais recente arranjo foi se despedaçando e as pétalas soltando. Ficando pétalas soltas no chão aonde Nana estava deitada.

Yulie havia ficado no chão, ainda estática. Quando todos já estavam mais a frente o guarda da direita se agachou ao lado de Yulie e sussurrou:

- Vamos Yulie, acho que Nana ficaria triste ao te ver assim.

Ela virou o rosto para ele com seus olhos vermelhos inchados, seu nariz vermelho e escorrendo, sua boca entre aberta e apenas concordou com a cabeça. Ele a ajudou a levantar, segurando pelo braço e foi assim que Yulie conseguiu chegar em casa.

- Amanhã nos falamos, trate de dormir um pouco. – e com um beijo no rosto, o guarda se despediu dela.

O nome dele era Romero. Ele e Yulie se conheciam desde pequenos e por terem a mesma idade cresceram juntos. Brincavam, aprontavam juntos dividiram tristezas e alegrias. E era ele que sempre a socorria quando Regianne brigava com ela. Mas crescidos e praticamente com idade adulta eles tiveram que arrumar um emprego. Enquanto Yulie ainda não sabia o que fazer, Romero já havia conseguido seu emprego de guarda noturno. Por isso eles começaram a se encontrar pouco. Por mais que não se vissem com a mesma frequencia de antes, ele tinha o desejo de poder desposá-la, uma idéia que não a agradava. Não queria passar da amizade com Romero, pois ele era como o irmão que ela nunca teve.

Yulie entrou na casa e se dirigiu para seu quarto, sua irmã estava posta de qualquer jeito sobre a cama. Ela respirou fundo e se dirigiu a cama da irmã para poder trocar a roupa dela pelo pijama e quando colocou-a sob as cobertas, percebeu que ardia em febre. Foi na cozinha pegou uma panela com água gelada e um pano para poder colocar sobre a testa da irmã para ver se ajudava a febre a abaixar.

Demorou muito a se trocar e quando deitou na cama parecia que ficara horas acordada. Soube só depois que havia dormido durante dois dias inteiros, pois acordara com uma idéia que poderia salvar sua irmã.










Capitulo 2 - Segredo de um Livro



Era a única chance que Yulie tinha de salvar sua irmã.
Mesmo que dependesse de um fantasma.

Era isso o que era, um fantasma. Pois ninguém o via a dois anos.
Depois de acordar após dois dias dormindo, e muito ponderar, Yulie foi perguntar para sua mãe se sabia algo sobre o Tio, a mesma jogava a comida do almoço fora.
- Hunf! Para o que você quer saber dele? Ele sumiu a anos já! Você não almoçou! - ela foi aumentando o tom de voz.
- Claro que não! Sua comida é insuportável. - virou as costas e saiu andando. Era possível escutar sua mãe bufando e jogando as coisas no chão irritada.

Desde pequena que Yulie come as frutas que ficam na floresta ao redor, ou estava jantando na casa de Romero. A comida de sua mãe sempre foi intragável, no começo ainda finjia comer para não magoa-las, mas com o passar dos anos não ligava mais para isso. Gostava de comer frutas silvestres e assaltava o galinheiro do vizinho uma vez ou outra, comia o ovo cru para não ser pega, o que gostava muito por sinal.

Saindo de casa foi logo tacada no chão por Kinp que balia e abanava o cotoco de rabo. Kinp era uma ovelha, que agia como se fosse um cão. Tinha sua casinha no quintal e ficava de guarda durante a noite. Reggiane tinha dois cachorros grandes que era mais covardes que aquela ovelha.
- Ai Kinp! Não precisa derrubar! - dizia Yulia fazendo carinho e se levantando - Cuida da casa ein. - parecia que ela balia em concordância.

Yulie fechou a portinhola da casa e saiu andando em direção ao centro da vila. A vila não era como uma cidade grande, mas era cercada por um rio. Tinha movimento, muitas casas, no mínimo quatro tavernas. A floresta ficava a vista ao redor da vila, mas apenas na entrada da vila que ficava a mais perto, que foi onde Yulie havia encontrado o corpo de nana.
Sua casa era numa parte afastada do centro, então em cinco minutos já dava para ver a confusão causada pela feira. Yulie pegou o caminho que passava pelas casas à direita para fugir de tanta gente, não gostava de tanto movimento. Passou pela igreja aonde viu o Padre brigando com seus dois filhos.
- Leonidas! Quantas vezes já mandei não colocar sapos nas roupas de baixo das moças? Não rias Filipines! Achas que não sei que estiveras junto e não fez nada para impedi-lo?

Yulie prendia o riso e apressava o passo. Desde a morte da mãe aqueles dois viraram um caso perdido.
Quando parou de rir, ela avistou seu destino. A biblioteca. Seu tio brincava de ser mago. Yulie nunca esqueceu das vezes em que ele fez pequenos brilhos explodirem no ar e ficarem com cores diferenciadas. Ele falava que magia existia, Yulie apenas sorria e acenava para não contrariar.
Entrando naquele construção, que era menor que a prefeitura.
O lugar não tinha ninguém, tirando a recpcionista velha e mal encarada que estava lendo algo atrás do balcão com a cabeça apoiada na mão. Era uma velha, com um par de óculos, com uma verruga na parte esquerda do queixo. Yulie foi chegando perto, mas a velha nem parecia dar atenção para ela.
- Olá? Oii? OII!! - Yulie se apoiou na bancada e foi encostar na velha, que pulou em um susto. Estivera dormindo.
- Ah! Oii! - não se dava ao trabalho para cobrir a boca enquanto bocejava - o que quer?
- Meu Tio costumava vir aqui. Queria saber se ele deixou alguma coisa aqui.
- E qual seria o nome do seu tio criança? - disse ela abrindo um livro preto empoeirado.
- Haroldo.
- Hum, vejamos. Ah sim! O Haroldo vinha muito aqui. Mas já faz dois anos desde o último livro que ele pegou.
- Ele não disse nada?
- Querida isso é uma biblioteca! Não é para conversar - Ela fechou o livro bruscamente.
- Certo. Mas qual era o nome do livro?
- Algo idiota, com dragões no nome.
- Aonde ele tá? - perguntou Yulie já se virando para as estandes.
- Com seu tio ué. Vai pagar um juros enorme quando vier devolver o livro. - uma risada maquiavélica seguida de uma crise de tosse foi o que encerrou aquela conversa.

Yulie saiu apressada de lá, como não havia pensado nisso? A casa de seu tio era em cima da sua. Era uma casa grande, de três andares. Sendo o primeiro de Yulie, Reggiane e Nana, o segundo de Haroldo e o terceiro faziam de depósito. Seu tio deveria ter trancado a porta, não gostava de ninguém em sua casa. Mas poderia tentar arrombar a porta para haver se pistas sobre aonde ele teria ido.

Voltou correndo para casa, dessa vez passando pelo meio da multidão da feira, esbarrando em várias pessoas. Se tivesse prestado atenção, perceberia que havia alguém observando-a.


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